Veja a trajetória dos cosméticos desde os tempos antigos até o presente.
A história dos cosméticos evoluiu junto com a humanidade. Desde os tempos pré-históricos (por volta de 30.000 a.C) já haviam práticas de adorno e camuflagem da pele. Porém, nessa época, a pintura era uma maneira de proteger-se ou intimidar os inimigos.
Com a formação das primeiras civilizações (por volta de 3.000 a.C), os rituais de beleza começaram a ser adotados. Os pioneiros foram os egípcios, indianos e orientais, que desenvolveram cosméticos e práticas semelhantes. Nesse artigo irei falar sobre a história dos cosméticos e a sua evolução até os dias atuais.
Nesse artigo você irá ver:
- Cosméticos: do passado ao presente.
- Impacto da publicidade.
- Produtos de higiene, cosméticos coloridos, lábios e unhas.
- Linha do tempo dos cosméticos no século XX.
- Cosméticos na atualidade.
Cosméticos: do passado ao presente
O uso de cosméticos sempre acompanhou a história. Os motivos para o uso sempre foram variados. Alguns usavam para conquistar pessoas, já outros usavam para intimidar inimigos, ou atenuar fatores incômodos, como as rugas e linhas finas que ocorrem com a idade avançada.
No Egito antigo (3.000 a.C. a 200 d.C.), a localização providenciava uma fonte rica para obtenção de substâncias naturais, que eram usadas para cuidados pessoais. A sombra dos olhos era feita com um composto de antimônio, chamado de kohl. As mulheres pintavam a pálpebra superior de preto e a inferior de verde. A área entre a pálpebra superior e a sobrancelha era colorida de cinza ou azul. Para a tintura dos cabelos e unhas das mãos e dos pés utilizava-se henna. Uma mistura de azeite, ceras, cipreste e leite era usada para prevenir e atenuar rugas. Essa civilização usava mel, leite e farelos vegetais para produção de pastas, assim como gorduras vegetais e animais e cera de abelha para fazer cremes para a pele. Homens, mulheres e crianças usavam uma espécie de maquiagem para se protegerem contra os raios solares. Além disso, o uso de óleos perfumados e essências era comum, como tomilho, cânfora e mirra.
Na Grécia e na Roma antiga (por volta de 200 d.C.) os homens frequentavam casas de banho elaboradas e as mulheres cuidavam da beleza em casa. Algumas das fragrâncias extraídas nessa época eram provenientes de anis, pimenta, alecrim sálvia e hortelã-pimenta. O leite de jumenta era usado para manter a pele fresca e a massa de pão úmida era usada como uma máscara facial noturna. O material graxo da lã de ovelha também era implementado nos cuidados de beleza. O médico greco-romano Galeno desenvolveu uma pomada refrescante precursora do cold cream. Além disso, as mulheres usavam extrato de nozes para escurecer o cabelo, e germander (uma planta) para tingir de vermelho. Na Grécia, acreditava-se que uma rotina de cuidados com a pele reverteria os efeitos da pele madura.
Nos tempos medievais, as condições de vida limitaram o desenvolvimento de cosméticos. Os cuidados cosméticos foram disseminados por aquelas que viajavam entre a Europa e os países do Oriente. As civilizações da Índia e países árabes praticavam mais cuidados com a higiene, se comparado com os europeus. Durante o banho, a pasta de amêndoas substituía o sabonete. Nesse período, os métodos de destilação foram aprimorados, ocasionando a obtenção de novos ingredientes. O médico Avicena se especializou na destilação de essência de flores. Perfumes eram compostos com âmbar cinza, almíscar, sândalo e canela. Loções para as mãos eram feitas utilizando cravinho, carbonato de sódio e extratos de feijão. Para prevenir rugas, usava-se uma preparação com sebo, lírio, e raízes de marshamallow, que possuía consistência de manteiga. Nessa época, a cosmetologia acompanhava o desenvolvimento da medicina.
Durante a Era da Renascença, a Europa voltou a ser o ponto focal das civilizações. Por conta das cruzadas, alguns materiais foram trazidos do Oriente, como corantes naturais, óxido de zinco, óleo de rícino, enxofre e açúcar (que na época era usado apenas como medicamento). Na França, Henri de Mondeville (cirurgião), descrevia tratamentos para queimaduras, pomadas, sabões e tintas para cobrir os efeitos da idade, além de propor a separação entre tratamentos para desordens cutâneas e produtos para embelezamento.
Ao longo do reinado de Elizabeth I da Inglaterra (Era Elisabetana), o uso de cosméticos se disseminou pelas cortes e aristocracias e posteriormente popularizou-se entre a sociedade. Um creme de primavera (Primula veris), por exemplo, usado pela rainha Elizabeth, se tornou uma espécie de artigo de moda. O produto tinha como função preservar e clarear a pele, assim como prevenir o aparecimento de rugas. Extratos de berry eram usados para destacar as bochechas, o que contrastava a aparência pálida da pele, que era clareada através da aplicação de tinturas brancas de chumbo. O uso de cosméticos não era limitado apenas às mulheres. Os homens tingiam sua barba de castanho-avermelhado, para mostrar respeito à rainha (que era ruiva). Ambos os sexos preferiam peles pálidas, e às vezes usavam máscaras para filtrar os raios de sol.
Durante os séculos XVII e XVIII, cosméticos eram usados em excesso. Mulheres ricas e com poder passavam horas arrumando os cabelos de forma alta e extravagante. Adesivos faciais eram usados para cobrir as marcas da varíola. Além disso, o carbonato de chumbo era usado como pó facial. A maioria dos cosméticos ainda eram feitos em casa, pois os sabões industriais eram muito caros. Nesse período houve descoberta de novos compostos e isolamento de novos elementos. Ademais, havia melhor compreensão dos óleos essenciais, e novos processos industriais para tinturas, gorduras e sabões eram utilizados na produção de cosméticos. Nessa época, começou a haver interesse pela toxicologia, que posteriormente se consagraria como um ramo da ciência.
No século XIX, o desenvolvimento de cosméticos foi influenciado pelos avanços da iluminação teatral, assim como a evolução industrial, que trouxe novas matérias primas para produção de cosméticos, como uréia, ácido benzóico, soda, glicerina, peróxido de hidrogênio, óleo mineral refinado e talco. O trabalho de Thomas Graham sobre emulsões e colóides e a descoberta do bórax, permitiram a obtenção do verdadeiro cold cream, mais estável que o precursor de Galeno. Pó de giz branco e azul, papéis tingidos de vermelho, tinta nanquim, tijolo triturado e cortiça eram aplicados no rosto. Karl Bodden, um alemão, desenvolveu a tinta graxa, que era composta de zinco branco, amarelo ocre, vermelho e banha, o que se tornou um padrão na maquiagem teatral. O rosto branco retornou após a Guerra Civil nos Estados Unidos. Os perigos do chumbo foram descobertos nesse período. Na segunda metade do século, o isolamento da anilina forneceu alternativas mais seguras aos metais pesados. Porém, a era Vitoriana trouxe uma onda de conservadorismo, logo, nos Estados Unidos e Inglaterra, o uso de maquiagens não era bem visto. Contudo, na França, as mulheres usavam maquiagem livremente e a indústria cosmética se desenvolvia rapidamente.
Durante o século XX, houve extrema evolução na indústria cosmética. Após a I Guerra Mundial, os preconceitos deixados pela era Vitoriana cessaram, impulsionando a produção de cosméticos. Os grandes nomes e pioneiros na indústria cosmética estavam se firmando, como Helena Rubinstein, Elizabeth Arden, Charles Revson (Révlon), Max Factor, Procter & Gamble (P&G) e L’Oréal Paris.
O período entre as Guerras Mundiais favoreceu o crescimento da indústria cosmética nos Estados Unidos. A disponibilidade de ingredientes era vantajoso pros Estados Unidos. Como o mercado cosmético apresentava grande volume e crescimento de vendas, houve purificação e adaptação de ingredientes usados por outras indústrias, como silicones. Porém, a fabricação de cosméticos em larga escala fez emergir os problemas de segurança e estabilidade. Portanto, os principais mercados buscaram formular legislações e medidas reguladoras para esse esses produtos, como o Federal Food, Drug and Cosmetics Act em 1938, nos EUA, e a EC Cosmetics Directive em 1976, na União Europeia.
De forma mais contemporânea, diversos ingredientes cosméticos surgem, e auxiliam na inovação do mercado cosmético. Por exemplo, o uso de alfa-hidroxiácidos, que a partir de 1992 passou a ser utilizado como esfoliante químico e redutor de sinais de envelhecimento. Ou também o uso de enzimas, vitaminas e antioxidantes, assim como lipossomas e polímeros. Além disso, há o uso da nano e biotecnologia na produção de novos ingredientes mais eficazes. Olhando para tendências mais recentes, é possível notar ainda o crescimento da vegetalização, naturalização e certificação no mundo cosmético, e maior preocupação com segurança dos consumidores e meio ambiente, bem como sustentabilidade.
Impacto da publicidade: Hollywood, televisão, rádios e revistas
Enquanto tintas e loções foram usadas por centenas de anos para realçar a beleza, foi apenas no século XX que corporações multinacionais começaram a utilizar campanhas publicitárias com mais frequência, explorando o interesse do público predominante feminino (na época) em beleza e atratividade. No decorrer dos anos, o crescimento da indústria da beleza resultou na disseminação de ideais de beleza em todo o mundo.
Procter & Gamble (P&G) foi uma das primeiras empresas de beleza a fazerem anúncios publicitários. Em 1879 a empresa lançou a marca Ivory Soap, após a descoberta acidental de que o uso óleo vegetal era melhor e mais barato do que banha. Porém, no século XX a história mudou. Europeus e norte americanos começaram a representar os ideais universais de beleza e limpeza.
No início do século XX, o foco da indústria cosmética era higiene. No entanto, o mercado começou a se alinhar com a concepção de beleza, como em uma propaganda de sabonete facial que dizia que o sabonete “preserva, cultiva ou ressuscita a pele”, mostrando que o mercado cosmético estava adotando outros conceitos além da higiene.
Revistas e outdoors eram a principal forma de anunciar no início do século XX, mas o aumento da publicidade nas rádios proporcionou um novo meio para as empresas de beleza. A importância social de cheirar bem e ter aparência limpa começou a se tornar uma parte importante da cultura estadunidense. Procter & Gamble (P&G), foi uma das maiores anunciantes em rádios, e aproveitavam os horários de transmissão de novelas.
Após isso, com o surgimento da televisão e cinema, houve uma nova evolução na maneira de divulgar. Os Estados Unidos se tornou uma grande fonte de entretenimento para os outros países do mundo, com programas sendo legendados ou dublados para outras línguas. Como consequência, as atrizes de Hollywood se tornaram ícones globais, influenciando sutilmente os consumidores.
A televisão expandiu o orçamento gasto em publicidade pelas empresas de beleza. Na década de 1960, as companhias cosméticas norte americanas direcionavam cerca de 15% de suas vendas em publicidade.
As revistas femininas também foram importantes para a divulgação de produtos cosméticos e ideais de beleza. Hoje existem cerca de 35 revistas femininas internacionais, como Elle, Vogue, Harper’s Bazaar, Marie Claire e Cosmopolitan. O crescimento das revistas femininas foi impulsionado por marcas globais de roupas, jóias e cosméticos, que precisavam de veículos de publicitários.
Essas revistas são capazes de implantar um pensamento coletivo naqueles que à consomem. É através da representação de beleza nas revistas de moda e entretenimento que as percepções dos leitores são influenciadas. Apesar de alguns títulos tentarem desmitificar o mito da beleza, a maioria das mulheres ainda são afetadas por esses ideais e lutam para se encaixar no conceito de beleza, e do que é desejável e aceitável. Os cosméticos possuem um papel quase protagonista nesse processo.
Sabonetes e limpeza
O primeiro “sistema de limpeza” foi criado pelos sumerianos da região de Ur, que produziram soluções alcalinas para limpeza. Entretanto, essas preparações não eram quimicamente similares ao sabonete que conhecemos hoje.
A primeira preparação moderna de sabonete foi desenvolvida em cerca de 600 a.C. pelos fenícios. Eles saponificaram gordura de cabra, água e carbonato de potássio em um material ceroso e sólido. A ideia de usar sabonete para limpeza corporal nem sempre foi considerado algo benéfico. Durante a idade média, o sabonete foi banido pela Igreja Cristã, que acreditava que se despir, mesmo para tomar banho, não era algo certo. Mais tarde, quando a ideia de infecção bacteriana surgiu, a venda e produção de sabonetes subiu novamente. Hoje, sabe-se que o uso de sabonetes faz parte de um ritual diário de limpeza.
Um dos primeiros sabonetes vendidos em grande escala foi produzido pela estadunidense Procter & Gamble (P&G), em 1878. A empresa produziu um sabonete branco cremoso levemente perfumado, para competir com alguns produtos europeus importados. O sabonete fazia uma espuma rica e era branco. Além disso, eles descobriram que inserir um pouco de ar na solução do sabonete antes de moldá-lo resultava em um sabonete capaz de flutuar, o que era muito útil para a época, uma vez que muitas pessoas tomavam banho em rios, e o sabonete podia se perder. A empresa nomeou o sabonete de “Ivory soap”.
Cosméticos faciais coloridos
Adesivos de beleza tornaram-se populares na Europa durante o século XVII, para cobrir cicatrizes em sobreviventes de varíola. Esses adesivos eram uma seda ou pedaços de veludo em formato de estrela, luas e corações, que eram carregados em caixas de metal com um espelho na tampa, para facilitar a aplicação caso caísse. Essas caixas podem ser vistas como precursoras da ideia moderna de produtos compactos.
O uso de adesivos também se tornou uma parte importante da comunicação não verbal entre homens e mulheres. Um adesivo próximo à boca de uma mulher sinalizava um convite para flerte, um adesivo na bochecha direita de uma mulher indicava que ela era casada, assim como um adesivo no canto de olho de uma mulher representava alguma paixão oculta. Os adesivos foram perdendo sua importância à medida que a varíola diminuía, porém o costume de levar consigo alguma caixa para retocar algo que queria ser atenuado ou corrigido continuou.
A base facial como é conhecida hoje, foi desenvolvida para o teatro. O cosmético era usado para clarear a face, braços e pescoço, e consistia em um pó facial incorporado em um veículo líquido. Essa preparação foi vista como um upgrade dos pós faciais, uma vez que a nova formulação possuía melhor adesão e durava por mais tempo na pele. Após isso, foram desenvolvidas pinturas coloridas, consistindo em pigmentos suspensos em veículos oleosos. Esses produtos eram mais usados para peças teatrais, por serem difíceis de aplicar e usar.
O primeiro grande avanço em bases faciais para serem usadas no dia-a-dia ocorreu quando Max Factor desenvolveu a maquiagem “pancake”, que foi patenteada em 1936. O produto oferecia cobertura excelente, aparência aveludada e coloração facial. Desde então, a variedade e popularidade de bases faciais só cresceu. Atualmente, essa classe de produtos também oferecem proteção solar, hidratação e controle de oleosidade, por exemplo.
Cosméticos para os olhos
O uso de cosméticos nos olhos ocorre desde 3.000 a.C. Pós verdes feitos de malaquita eram aplicados nas porções superiores e inferiores dos olhos, acompanhado de uma pasta usada como delineador, composta de antimônio em pó, amêndoas queimadas, óxido de cobre preto e argila marrom ocre. A pasta era armazenada em um recipiente e depois umedecida com saliva. Acreditava-se que esses cosméticos usados nos olhos ofereciam benefícios medicinais, além de prevenir infecções oculares causadas por bactérias e parasitas, o que era comum na época. Os cosméticos coloridos usados nos olhos atualmente surgiram entre 1959 e 1962, sendo uma invenção nova historicamente.
Máscara para cílios também era usada por mulheres de civilizações antigas. Essa máscara era composta por kohl (um mineral), consistindo em trissulfeto de antimônio. As máscaras precursoras das atuais eram compostas por uma mistura de sabões de estearato de sódio e pigmento preto. O produto era misturado com água e aplicado com uma escova nos cílios. Essa formulação causava irritação por conta do estearato de sódio. As formulações modernas usam estearato de trietanolamina, que possui menos capacidade irritante.
Cosméticos para os lábios
Coloração labial é usada desde o tempo dos sumérios (7000 a.C). A prática passou adiante, dos egípcios aos sírios, dos babilônios aos persas, dos gregos aos romanos, até a civilização atual. Materiais provenientes da natureza eram usados, como açafrão e pau-brasil, para obter coloração vermelha. Os primeiros verdadeiros batons consistiam em cera de abelha, sebo e pigmento. O batom como conhecemos hoje foi desenvolvido por volta de 1920, quando a embalagem push-up, usada até os dias atuais, foi inventada.
Cosméticos para as unhas
Esmalte para as unhas é usado para embelezamento, além de cobrir a descoloração das unhas e fortalecer unhas fracas. O esmalte para as unhas também foi introduzido em 1920. Durante a Primeira Guerra Mundial, excelentes fontes de nitrocelulose foram desenvolvidas como explosivos militares. Nitrocelulose foi criada através da reação da fibra de celulose com ácido nítrico. Descobriu-se então que a nitrocelulose fervida poderia ser dissolvida em solventes orgânicos. Após a evaporação dos solventes, um filme forte e brilhante de nitrocelulose era produzido, chamado de laca. Após extensas pesquisas feitas pela indústria automobilística, descobriu-se que o material também era bom para pintura de automóveis. Essa tecnologia foi então adaptada para a indústria cosmética.
Antes de 1920, as unhas eram polidas com pó para conquistar brilho e a primeira laca comercializada era usada apenas para dar brilho. Na década de 1930, porém, desenvolveu-se um produto de coloração opaca, a partir da ideia de adicionar pigmento à laca transparente. Assim nasceu a Revlon, em 1932. De início, o esmalte era disponível apenas em salões de beleza, mas por conta da demanda do público nascia então uma nova classe de cosméticos.
Linha do tempo dos cosméticos – século XX
Um dos primeiros cosmetologistas foi o médico Abulcasis (936-1013 d.C.). Ele escreveu a enciclopédia médica Al-Tasrif, em 30 volumes. O capítulo 19, foi dedicado aos cosméticos. A obra foi traduzida para latim, então o capítulo sobre cosméticos também foi usado no ocidente. Abulcasis definia cosméticos como “a medicina da beleza”. Ele abordou perfumes, aromas e incensos, assim como precursores do que hoje chamamos de batom e desodorante. Ele também usava uma substância oleosa chamada Adhan, para medicação e embelezamento.
O primeiro desodorante foi inventado em 1888, e foi registrado sob o nome de Mum.
Tinturas de cabelo sintéticas foram inventadas em 1907 por Eugene Schueller, fundador da L’Oréal Paris. Ele também foi um dos primeiros a desenvolver um fotoprotetor, em 1936. Em 1914, T. J. William fundou a Maybelline, companhia especializada na fabricação de máscara para os cílios. O batom foi desenvolvido por volta de 1920, em tubos cilíndricos metálicos. Em 1922, o grampo de cabelo foi inventado, para auxiliar na manutenção de cabelos curtos.
No início do século 20, a maquiagem ganhou prestígio nos Estados Unidos e Europa, devido à influência das estrelas do teatro e balé. Porém, o maior impacto aconteceu com o crescimento da indústria cinematográfica em Hollywood, e as maquiagens produzidas por Max Factor.
Após a Primeira Guerra Mundial, foi estabelecido um novo estilo: olhos escuros, batom e esmalte vermelhos e bronzeado, sob influência da Coco Chanel. Previamente, pele bronzeada não era bem aceita. As mulheres tentavam ter a pele mais branca possível, algumas vezes beirando ao pálido. Com a influência da Chanel sob o bronzeamento, diversos produtos de bronzeamento artificial foram desenvolvidos, auxiliando a conquista de uma pele sun-kissed (beijada pelo sol – termo usado para definir bronzeamento da pele). Entretanto, na Ásia, pele clareada continuou sendo o ideal de beleza.
Um novo método de ondulação permanente, usando produtos químicos, que não exigiam eletricidade ou máquinas, foi criado em 1933. Em 1941, o aerossol foi patenteado, o que posteriormente resultaria nos sprays capilares. Em 1950, o químico Lawrence Gelb apresentou o Miss Clairol Hair Color Bath, um produto que coloria o cabelo em apenas uma etapa. O desodorante roll-on foi lançado em 1952. O aplicador de máscara para cílios foi desenvolvido em 1958, eliminando a necessidade de aplicar o produto com uma escova. Anos depois, a Revlon lançou o primeiro blush em pó, em 1963. O desodorante em aerosol foi introduzido no mercado em 1965.
Século XXI e influência da tecnologia
Os avanços cosméticos sempre acompanharam os avanços da humanidade, e cada vez mais cosméticos e tecnologia andam lado a lado.
Nos dias atuais, cosméticos não são usados apenas para embelezar, mas também para tratar. O termo “cosmecêuticos” é relativamente recente, e de forma sucinta, é o conceito que mescla produtos com ação cosmética e farmacêutica. Esses produtos embelezam enquanto tratam a pele de maneira mais profunda e a longo prazo. Os cosmecêuticos normalmente são formulados usando componentes como vitaminas, hidroxiácidos, peptídeos, fatores de crescimento e ingredientes “botânicos” (como derivados de plantas). Porém, essa classe de produtos ainda não foi definida por nenhum órgão regulatório, o que pode ocasionar o que chamamos de “self-regulation” (quando o mercado se auto regula, e cada marca ou formulador adota uma definição que se adeque à sua realidade), que também pode ser aplicado nos cosméticos naturais.
Sabe-se que ultimamente o mercado de cosméticos naturais e orgânicos tem crescido, mas não há nenhuma definição concreta para esses produtos. No geral, produtos naturais e orgânicos possuem a grande maioria dos ingredientes provenientes de plantas, como extratos vegetais e óleos essenciais, e pouca quantidade de ingredientes sintéticos. Entretanto, ainda é um assunto um tanto controverso na indústria cosmética, por conta do self-regulation. Por isso, há aumento na busca de certificação de produtos, uma vez que as certificadoras possuem parâmetros que irão designar se o produto pode ou não se encaixar no campo de cosméticos naturais, orgânicos ou veganos.
Na atualidade, também é possível ver o aumento da preocupação com o meio ambiente e sustentabilidade. A sociedade tem mais preocupação com o impacto que os cosméticos podem causar no meio ambiente. Isso inclui a fabricação do produto, assim como os métodos de obtenção e destino dos ingredientes após o uso. Portanto, é comum ver marcas de cosméticos se preocupando cada vez mais com questões ambientais.
Os avanços tecnológicos revolucionaram as mais diferentes industriais, e com o mercado cosmético não foi diferente. Isso resultou na obtenção de novos ingredientes, cada vez mais específicos, assim como métodos de produção mais eficientes e modernos, o que auxilia na elaboração de novos produtos, como micro e nanoemulsões. Além disso, a tecnologia auxilia a pesquisa e desenvolvimento, melhorando a compreensão dos processos biológicos humanos e os mecanismos de ação de diversas substâncias. Marcas de cosméticos, como a japonesa Shiseido, a francesa L’Oréal Paris e a brasileira Natura, investem cada vez mais em pesquisa e desenvolvimento, uma vez que isso contribui na criação de produtos inovadores.
Além de produtos tópicos, outras ferramentas também estão sendo usadas para melhorar o processo de cuidados com a pele, como aplicativos que diagnosticam a situação atual da pele, bem como influência da temperatura e umidade na hidratação cutânea, recomendando produtos ideias para a sua situação. Outros dispositivos, como “esponjas” elétricas faciais, que maximizam o processo de limpeza e ajudam na esfoliação são inovações do mercado cosmético, resultado da junção entre tecnologia e cosmetologia.
Da mesma maneira que as atrizes de Hollywood influenciavam os ideias de beleza no início do século XX, os influenciadores digitais são os protagonistas no século XXI. Eles estão presentes nas redes sociais e possuem números estrondosos de seguidores, exercendo forte influência sobre eles. Logo, é comum ver marcas usando-os para divulgar seus produtos. Aliás, isso mostra outra mudança: o modo de divulgação. Apesar de ainda haver campanhas publicitárias na televisão, revistas e outdoors, o meio digital vem se tornando cada vez mais importante na divulgação de produtos. Ademais, a divulgação na internet consegue ser mais direcionada para os consumidores, por conta dos algoritmos, que entendem as ações dos usuários e direcionam propagandas relacionadas aos gostos pessoais e interesses, o que torna as propagandas muito mais eficientes.
Conclusão
Ao analisar a história da humanidade, é possível notar que as civilizações sempre se importaram com a apresentação física e buscavam maneiras de cuidar da beleza. Antes dos avanços tecnológicos e industriais, os itens usados para embelezamento incluem mel, banha, extratos, óleos vegetais e pigmentos. A evolução tecnológica e cosmetologia andam lado a lado.
No início do século 20 os produtos cosméticos eram voltados para a higiene, disfarce de odor e maquiagem artística. Porém, com a influência do teatro e produções cinematográficas, o público em geral começou a adotar o uso de maquiagem no dia-a-dia.
As campanhas publicitárias na televisão, rádio e revistas influenciaram o uso dos cosméticos, e desde então esse mercado só cresceu. No século XXI, os influenciadores digitais e crescimento da internet mudaram a maneira de divulgação.
Atualmente, os cosméticos vão além do conceito de “embelezar”. Produtos mais modernos usam vitaminas, aminoácidos, peptídeos, hidroxiácidos e ingredientes derivados de plantas, para tratar desordens cutâneas e outros fatores, como o envelhecimento da pele e manchas. Além disso, há cada vez mais o uso da tecnologia para desenvolver novos ingredientes e soluções, assim como auxiliar nos processos de pesquisa e desenvolvimento. O uso de aplicativos para complementar os cuidados diários é cada vez mais comum, bem como o uso de outras ferramentas, como esponjas elétricas.
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Referências
[1] CHAUDHRI, S. K.; JAIN, N. K. History of cosmetics. Asian Journal of Pharmaceutics (AJP): Free full text articles from Asian J Pharm, v. 3, n. 3, 2014.
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[3] MARTIN, Katherine I.; GLASER, Dee Anna. Cosmeceuticals: the new medicine of beauty. Missouri medicine, v. 108, n. 1, p. 60, 2011.
[4] PARISH, Lawrence Charles; CRISSEY, John Thorne. Cosmetics: A historical review. Clinics in dermatology, v. 6, n. 3, p. 1-4, 1988.[5] SOUZA, Ivan Domicio da Silva. Prospecção no setor cosmético de cuidados com a pele: inovação e visão nas micro, pequenas e médias empresas. 2015. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
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